terça-feira, 11 de setembro de 2012

Nota PSTU/Cvel sobre acidentes e mortes na BR 277



São muitas as vítima da falta de duplicação da BR 277 e de um modelo privatista que só pensa no lucro em detrimento de milhares de vidas.


 A responsabilidade pela morte de Marcos Reis Viegas, Maria Regina Reis e de uma série de  outros acidentes e mortes... são das Concessionárias e dos Governos que sustentam a décadas um modelo baseado no lucro a qualquer custo e na matriz rodoviária!


Nos do PSTU nos solidarizamos com a dor das famílias e exigimos:


- DUPLICAÇÃO IMEDIATA DA BR 277 A PARTIR DOS 

LUCROS DAS CONCESSIONÁRIAS! 

- É PRECISO TIRAR O SETOR DO TRANSPORTE DAS 


MÃOS DAS EMPRESAS E TRATA- LO COMO UM DIREITO, 


COMO SAÚDE E EDUCAÇÃO!


Transporte público, lógica privada

O problema do transporte público de fato não é novo, mas histórico, e remonta principalmente ao modelo de transporte que o Brasil privilegiou nas últimas décadas, o modelo, ou matriz rodoviária, ou seja, aquele baseado em ônibus, carros, caminhões etc. E qual é o problema disso? A questão é que, ao contrário do transporte ferroviário, como trens e metrôs, o rodoviário é bastante limitado quanto ao número de passageiros que pode suportar, além de ser mais caro. Para se ter uma ideia, um trem de metrô transporta o equivalente a 43 ônibus, ou 1200 carros.


A opção pelo transporte rodoviário se deu devido à pressão e influência das grandes multinacionais da indústria automobilística, como a Ford e a GM. Até a década de 1950, o transporte no país era essencialmente ferroviário. Com o início da industrialização, começou-se a se privilegiar o transporte rodoviário, com a abertura de estradas e rodovias em detrimento das linhas de ferro, que foram cada vez mais sucateadas, até finalmente serem privatizadas no governo FHC. Hoje, 60% das cargas e 90% dos passageiros são transportados por veículos rodoviários, ao contrário de outros países, como os próprios EUA, que mantém a matriz ferroviária.



A esse modelo, caro e ineficiente, imposto pelas multinacionais, soma-se o baixo investimento realizado pelo governo no transporte público. Segundo levantamento do Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos), enquanto que na década de 1970 investia-se o equivalente a 1,5% do PIB em transportes, no governo FHC esse índice baixou para 0,3%, mantendo-se assim até o final dos anos Lula.

Nos últimos anos, seguindo a lógica da inserção submissa do país no mercado internacional, o governo federal vem investindo em logística e transporte para escoar a produção de matérias-primas para exportação, utilizando para isso as próprias ferrovias. Estima-se que apenas 5% de toda a malha ferroviária existente hoje seja utilizada para transportar passageiros, o resto está voltado para o transporte de cargas, como minério e soja. 

Ao mesmo tempo, o governo do PT aprofunda as Parcerias Público Privadas (PPP’s) do governo FHC, entregando o controle das rodovias federais nas mãos do capital privado, o que provoca pedágios extorsivos. Já dentro das cidades, as concessões de transporte estão nas mãos das grandes empresas, verdadeiras máfias que, junto com os governos de plantão, assaltam o bolso do trabalhador e, em troca, oferecem transporte precarizado e ineficaz. 



Por um transporte público de fato
O problema do transporte público no Brasil passa pelo modelo que foi implantado nas últimas décadas, pelos baixíssimos investimentos realizados pelo governo e pela lógica que rege o setor, voltado aos lucros das grandes empresas e concessionárias, e não nas necessidades da grande maioria da população. Como se não bastasse, nos últimos anos, como forma de salvar a indústria automobilística da crise, o governo apostou nas isenções e subsídios, aliado ao crédito facilitado. Resultado de tudo isso: um trânsito que não anda, um transporte público que não funciona e horas e horas perdidas todos os dias.

Mas esse quadro, longe de ser um fato dado, é possível de ser alterado. Basta tratar transporte como um serviço público e um direito, como Saúde e Educação. Para isso é preciso primeiro investir em transporte público de massa. Redirecionar parte dos 47% do Orçamento da União que vão hoje para o pagamento da dívida pública na construção e ampliação da malha metroferroviária, interligando as regiões. Segundo Sérgio Lessa, ex-presidente do BNDES, bastaria a aplicação de 2% do PIB para, em oito anos, mudar a matriz rodoviária.

Também é necessário retomar as concessões ferroviárias e rodoviárias entregues ao capital privado e construir uma empresa estatal de transporte de cargas e passageiros. Nas cidades, estatizar o transporte público e subsidiar as passagens, de forma a transformar o que hoje é o lucro das empresas em investimento em transporte acessível e de qualidade.