Nota do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU/PR.
A educação não suporta mais tantos ataques!

Para mudar essa situação, os
professores da rede pública estadual foram à luta para exigir do governo a
realização de concurso público. Hoje temos um déficit que pode chegar, no
início do ano que vem a 40 mil vagas. Após muita pressão por parte da
categoria, inclusive através de ameaça de greve por parte dos educadores, o
governo Beto Richa (PSDB) promoveu o Concurso Público para professor(a) e
pedagogos(as) da educação básica estadual no regime estatutário através do
Edital nº 017/13 com 13.771 vagas.
Logo
no início do processo, observamos que esse concurso não tinha nada a ver com o
que defendemos para a educação pública, a começar pela escolha de uma
instituição privada para a elaboração e aplicação. O concurso é realizado pela
PUC/PR, instituição privada, com regras meritocráticas e com fases
eliminatórias e classificatórias, claramente orientado pela política
neoliberal. Como sabemos, a PUC é uma instituição filantrópica, que recebe
muita verba pública devido a política federal para educação. Essa instituição é
ideal para servir aos interesses do governo do PSDB.
Nossa luta é exatamente oposta
a isso!
Defendemos a luta incansável
contra as políticas neoliberais que são implementadas “goela abaixo” na
educação desde o Plano Nacional de Educação (PNE) do governo federal e a
implementação dessas políticas nos estados e municípios. A meritocracia é uma
delas e, provavelmente, uma das mais importantes pelo seu caráter prático,
porém, também pelo seu caráter político ideológico. O discurso da meritocracia
é forte e acaba por convencer parte da categoria, desatenta ao que tem por trás
do discurso de premiações para os melhores, esforços individuais, etc.
Outra política atacada
duramente por nós é a precarização do trabalho, desde a proletarização do
trabalho de professor, que passa pelo arrocho salarial, superexploração do
trabalho e péssimas condições, além da sobrecarga diária por conta do número
insuficiente de trabalhadores. Por outro lado, a pressão de um exército social
de reserva cada vez maior, e a pressão dos governos e das chefias para que os
índices educacionais sejam melhorados, leva ao acometimento de diversas
doenças.
Um
concurso para avançar nas questões educacionais ou para aplicar a política
neoliberal?
Para nós esse concurso é a
expressão de implementação dessas duas políticas (meritocracia e precarização)
em “uma tacada só”. Diante dos muitos recursos e reclamações por parte dos que
prestaram o concurso, o governador Beto Richa e o seu vice e secretário de
educação Flávio Arns, utilizam o argumento de que esses não estão preparados, e que os que
estão sendo selecionados são os melhores professores, e com o discurso que
agora sim são feitos concursos que avaliam.
Se por um lado existe o
discurso que busca justificar um suposto compromisso com a educação por parte
do governo, por outro eles fazem com que tenha alta eliminação e que sequer as
vagas serão preenchidas, mantendo o índice de trabalhadores precarizados PSS,
ou aulas em forma extraordinária (que também não há garantias), ou seja,
mantendo a precarização já existente.
Mas o problema não foi somente
esse. O pior ainda estava por vir...
Se não bastasse tudo isso,
agora vamos às “confusões” feitas pela PUCPR.
A confusão já começa no
edital, que após meses e meses de preparo, surpreende tanto a categoria, quanto
a direção do sindicato: composto por 04 fases, todas classificatórias e
eliminatórias e com 01 ano de vigência, podendo ser estendido por mais 01 ano.
Essa última característica foi modificada para vigência de 2 anos, com
possibilidade de prorrogação para mais 2 anos, mudança que foi divulgada pela
direção do sindicato como uma “vitória” e que hoje, caso o concurso não seja
anulado, se tornará em um imenso engodo, pois o próximo concurso será realizado
no mínimo daqui a 04 anos, aumentando sobremaneira os contratos precarizados.
A prova em si foi um fiasco,
erros teóricos e conceituais por todos os lados, perguntas e respostas dúbias.
Vários foram os pedidos de recursos e a PUC não deu importância a isso. Não
respeitando o edital, com muito atraso a PUC divulgou a lista de aprovados da
primeira fase e para surpresa de todos a confusão estava armada: notas e dados
errados. Novamente, a PUC não aceita os recursos.
Como se isso não bastasse, ao
sair o resultado da redação, ocorreu o que todos já estavam esperando:
reprovações em massa!!! E mais: a divulgação das notas da redação com
disciplina e locais diferentes das inscrições e com pareceres justificando a
nota com critérios parciais, não contemplando todos os critérios para correção
das redações conforme estabelece o item 8.2.1 do edital. Posteriormente a PUC
corrigiu os dados referentes a disciplina e NRE de inscrição alegando falha na
importação dos dados.
A contestação por parte da
categoria (educadores PSS e professores com um padrão na educação estadual) e
candidatos é geral, com manifestações de rua em diversas cidades do estado e
com inúmeros protocolos documentados pedindo investigação e providencia do Ministério
Público do Paraná. Os chamados dos protestos são pelo cancelamento do concurso
e por um processo seletivo com isonomia e transparência, organizado por uma
instituição pública.
Não temos dúvidas de que todos
esses cortes e “confusões” estão a serviço de eliminar cada vez mais
candidatos, para que os aprovados sejam poucos e as vagas não sejam
completadas. Pra piorar, o número de eliminações tende a ser ainda maior com a
próxima fase do concurso: a prova didática de caráter eliminatório e classificatório.
Infelizmente a posição da APP
sindicato acaba por legitimar a política do governo
Diante dessa situação a
direção estadual da APP-Sindicato busca alternativas paliativas
disponibilizando o departamento jurídico da entidade aos sindicalizados prejudicados
no concurso e afirmando que como entidade não tem a prerrogativa de solicitar
juridicamente a correção dos problemas relacionados ao processo de seleção do
concurso.
Entendemos que a direção da
APP tem sim que tomar posição e como direção sindical dos trabalhadores da
educação deve mobilizar a estrutura da entidade e mobilizar a categoria contra
a política do governo Beto Richa (PSDB) que visa precarizar o trabalho dos
educadores e implantar a meritocracia no setor.
As manifestações organizadas
independente da estrutura sindical questionam o processo na sua totalidade
propondo o cancelamento do concurso, e novo processo de seleção transparente,
organizado por uma instituição pública. Ou a direção da APP apoio e incorpora
essa luta ou vergonhosamente capitula ao governo e à PUC.
Hoje, não defender a anulação
do concurso é ser injusto com milhares de candidatos que foram utilizados pelo
governo para a aplicação de suas políticas neoliberais! Por isso defendemos:
1- Imediata anulação do concurso
e abertura de um novo processo com manutenção das inscrições e sem etapas
eliminatórias;
2- A PUC não está apta e nem tem mais credibilidade para tocar outro concurso. Que o próximo concurso seja necessariamente organizado por uma instituição pública;
3- A direção da APP sindicato não pode continuar conivente aos desmandos do governo Beto Richa e à PUC. Ou muda de lado, ou estará fazendo um grande desserviço à educação pública!
4- A Direção da APP sindicato deve mudar de posição e se posicionar pela anulação do concurso!
Todo apoio às manifestações
públicas, assim como às ações impetradas contra o concurso!